terça-feira, 21 de agosto de 2007

Leite Azedo

Há a poesia que é poesia antes do poeta,
e encontra no mesmo um meio para se dar existência.
Há, portanto, a poesia que é essência antes de existir,
autônoma em sua vontade de vir a ser.

Há, entretanto, a poesia que toma essência
no instante em que começa a nascer.
Seu existir é dependente de seu criador,
e então o poeta se muta de meio pra começo.

Eis então dois tipos de poeta,
ordinários por sua natureza:
o que acha que dá existência ao leite por tirá-lo da vaca;
e o que espreme uma teta seca.

Contudo, há ainda um terceiro tipo:
O que se auto-denomina metapoeta.
Sem dúvida, o mais desprezível do trio:
Tira leite em litros de uma teta seca.

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