terça-feira, 21 de agosto de 2007

Maria Preta

Presepada de Maria eu vou contar
Virgem preta que em mim veio galgar
Burro velho com o casco já bem gasto
No sertão há muito tempo eu já me lasco.

Mas a luz que me encarrego de levar
é Jesus que me dá a honra de guiar
Pernas negras que me abraçam a suar
Santa virgem ventre inchado a carregar

Pobre casco que casqueia no cascalho
Ouço flautas, violas e chocalhos
Vejo pobre, preto, roxo e rei mago
Cheiro alho, peido, trapo e flor de lago

Camelando todo tipo de cenário
Peço abrigo a todo espécie de otário
De açude e pau-a-pique, a arranha-céu
Só achei pra minha preta um bordel

Pernas bambas só então
Piedade relinchar
Trota, trota seu burrão
Ce foi feito pra galgar

E no fim dessa canção
Já não tem mais chimarrão
Acabou o vatapá
Era hora de chegar

Todo mundo se ajuntou a observar
A muvuca, o povo todo, o céu e o mar
No puteiro iluminado de sua luz
Maria preta dava luz ao meu Jesus

Tão cansado vi meu nobre rei nascer
E cantei essa canção no amanhecer
Desse jeito sei: jamais se ouviu
A história do Jesus do meu Brasil

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