Mirava absorto e embaçado os faróis e freios
que sob a ponte se dividiam em duas marés vítreas
de bege brilhante e vivo vermelho;
De soslaio, as imagens das diárias estátuas pedintes
Amareladas e esquecidas sob os olhos dos postes
e sob a luz do ver preguiçoso dos esforçados
Já lhes é cotidiano a repugnante indiferença alheia,
os automóveis transeuntes, o céu-arranhado
e as mãos vazias de quem a muito não tem nem pouco
A paz de quem aceita a desgraça comum;
a mosca andando nos lábios saudosos da aguardente
e o conforto oferecido pelo cimento da realidade
Já lhes é corriqueiro observar os faróis, freios;
rapazes distraídos que discretamente miram a divagar;
pensam poesia e agem de soslaio.
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