quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Vive chuva

Ruge o céu de prata
que lava a louça
das sarjetas

Treme a base
em meu sexto andar
pelo olhar nas
coisas molhadas

Bruscas e rígidas
as nuvens coçam a voz
em trovões de garganta

A saliva fina
vem em cuspe polvilhado
aos baixios e valetas
na rua de orelhas pingando
e carros e maletas aflitas

Traz consigo
o rotineiro descondicionar
por degradês em pontilhismo
nos traços de luz

ainda há a natureza
que permeia
a teia dos homens

mas está fadada
sumirá dos olhos
vai viver na fantasia
do agora que será outrora

Um comentário:

Anônimo disse...

Inusitada febre parnasiana!
Que belo ver que as sensibilidades se voltam para a forma das coisas efêmeras de sutil beleza e tantos significados sussurantes que só ouvidos muito apurados sabem auscutar. Que o gotejar dessa inspiração viva em nossa fantasia todo dia, seja dia de sol ou de chuva.
Linda poesia, Joe.
E a natureza fazendo tremerem as bases... e as maletas aflitas... e o agora que será outrora! God bless you.
Lírica