quinta-feira, 1 de maio de 2008

Árvore e Seios

Farto olhar
parco de homem

bendita árvore
que não enxerga ontem
em céu centenário

diferente da moça vizinha tua,
que nua viste em seios de louça,
(em riste o tronco hirsuto)
a árvore pavoneia com riso verdejado
enquanto à outra o tempo pesa

as rugas da mulher
a enfeiam, pobre;
pelanca muxibenta
e flacidez em magreza

antes,
a árvore sabe ser velha
e é amiga do tempo:
quando sua fronde
não mais sombrear a moça
o inverno a fará seu próprio mausoléu
em beleza remida

o segredo atemporal,
a beleza lonjeva

em resposta a "a árvore de minha rua", de Æmarcondes.

2 comentários:

Anônimo disse...

mto boa, joe!
bem diferente do "Tutto declina." do falstaff ainda fresco no nosso ouvido

abracao!

Beatriz disse...

Lindo. Lembrou walter Benjamin qdo fala da aura. Bem, temo comentar aqui, espaço de estudiosos da linguística. Minha leitura é muito diversa da de vc. Mas, é que me lembrou disso . Tem até um post no Compulsão: Aura. se quiser vai lá e veja se não conversa com este seu Árvore e Seios.