Ivan me parece um pouco mais alegre do que eu esperaria de alguém parecido com ele. Tá na casa dos trinta, é vistoso e esportivo, anda de bike pelas ruas de São Paulo. Trabalha fazendo desenhos pra editoriais e outras espécies que o paguem com decência e, eventualmente, organiza um curso de serigrafia caseira, onde leciona o processo desde a construção das telas com ripas de caixa de feira e tecido-tela, até o desenho, a criação da máscara e a impressão em si. Uma vez, tomando cerveja, falou sobre bandas desconhecidas de trip-hop e sobre como era a vida em Minas, antes de vir para a capital paulista.
Ontem voltei pra casa de ônibus ouvindo John Mayer e postei no twitter "às vezes um sonzinho doce cai como uma luva". Fiquei tentando imaginar 1) um som doce; 2) um som doce caindo como uma luva. Travava no primeiro passo: é difícil criar uma imagem de um som que é doce. Porque som não tem imagem. O que tem imagem são as coisas que fazem som, mas a guitarra açucarada não me satisfazia. De toda forma, não é o tipo de som que eu escuto com frequência. Lembrei de uma banda que o Ivan me recomendou quando fiz o curso de serigrafia com ele, chamada Rocket Juice & the Moon. Acho que já faz um ano desde o workshop e eu ainda não ouvi o som.
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