segunda-feira, 3 de março de 2008

A Forma do Fogo

Congelo a chama
comportada de vela
pra captar-lhe a forma

a forma fica fria
mais branca que amarela
tal qual antes fora morna

torno ao fogo junino
espírito pavoroso que inflama
faíscas à beleza da rebeldia

gelo-lhe o movimento pra
transformar o crepitar em teoria
qual pobre livro de anarquia

calcino a pouca pólvora pra
lançar à tenebrosa câmara
da comida quase pronta

as fileiras de luz azul
a prenderem o exército aceso
na terrível ditadura formal

ao fim ateio ao impulso da morte
o corte na força do ferro
que encerra o momento da sorte

antes dos jornais de amanhã
salvo-lhe o peito do fogo
na realidade onde o tempo não derrama

4 comentários:

Heyk disse...

so aqui e me fala:

WWW.NOVOSUIVOS.BLOGSPOT.COM

lembra do que eu disse sobre o meu a fibra, de ser o meu O Uivo, então e agor aparece isso... Piu Bello!

Se toca pra cá uns dias , negão, tira férias aí, tá faltando pra vc o rio!

Heyk disse...

Victão, lembrei daquel texto meu " Um quase poema branco" lembra?

Interessante.

Vou ler mais a forma do fogo pra falar sobre.

Mas tá bom e gostei da cadência. Ela não tá perfeita, tem hora que sai do ritmo, mas tá bom sim.

Lírica disse...

Essa poesia me deu fome. Hehehehe. Vc anda cozinhando, nego?
Sem brincadeiras: captar poema nas pequenas alegrias do dia-a-dia é dom de uma ínfima minoria. Fazê-lo com maestria é raridade... e a sua poesia brinca com fogo... esse mistério que desafia formas, cores e estruturas. Poesia e fogo, fogo e poesia...
Larica

Anônimo disse...

Victor, vou fazer uma confissão: é a primeira vez que sento e leio seu blog com a calma que lhe é devida. Porque, realmente, é coisa para se degustar, tudo aqui é cheio de significado. Parabéns!

E, ah, que bom que gostou do novo ciclo de posts do Depósito. Sabe, sou obrigado a concordar com você que havíamos caído um pouquinho no banal...

Abraço!