No templo havia um enigma que fora forjado no oriente. Assemelhava-se a uma corrente; três peças, dois elos. Entre os elos, magras fendas pelas quais, ao menos teoricamente, deveriam passar as peças polares. O desafio era este: desunir a corrente, separando-lhe as peças.
Em cada templo que entrou, ao longo de sua trilha, o monge enfrentou o desafio que lhe fora proposto. Até então era como compreendia a vida, e a vida se lhe punha desta maneira. Nunca houvera enigma, por ele, irresoluto.
Tranqüilo, o monge sentou-se meditabundo, examinando o pequeno artefato em mãos. Testou a passagem pelos elos sem resultados positivos. Girava para o estudar como um todo. O enigma exigia meticulosidade e concentração.
Muito tempo se passou, e o monge virou o senhor daquele templo, uma vez que nunca venceu seu desafio. Pensou, no início, tratar-se de uma piada dos deuses; um enigma eterno. Depois de doze invernos aprendeu a reparar o mundo de outra forma. Aprendeu a respeitar sua própria capacidade, mesmo que nunca tenha parado de combater aquele desafio. Cada tentativa lhe semeava novos entendimentos sobre as coisas. Entretanto, nunca deixou de se questionar: e se aquele objeto fosse verdadeiramente um enigma impossível?
Quando completou oitenta e quatro anos de idade, um jovem monge apareceu em seu templo. Recebeu o enigma nas mãos e o resolveu em alguns minutos.
O velho quase não tinha mais ânimo para a perplexidade. Congratulou o jovem gênio desejando-lhe boa ventura em sua odisséia. Depois, adentrou seus aposentos com a cabeça e o orgulho em frangalhos, e seus olhos buscaram o instrumento de uma recente disposição; voltou ao salão do templo e encontrou o jovem, que findava uma prece. Sacou sem delongas uma fina adaga e a meteu no ventre do rapaz. Seus olhos injetados encaravam com fúria vingativa o terrível aspecto de sua vítima. Forçou a lâmina em direção ao peito e sentiu as vísceras do outro cederem. Por fim, empurrou o corpo para longe de si, esperando sua queda. Entretanto, houve resistência: subestimou a juventude e a virilidade do jovem monge, que investiu contra seu corpo caduco e, com os dedos a perfurar a pele de seu pescoço, o matou rapidamente por estrangulamento. O jovem cedeu logo em seguida, e seu sangue maculou o templo e seu artefato.
Uma década se passou até que um novo andarilho contemplou aquele salão. Ali, viu dois esqueletos jazendo junto às três peças de um artefato distinto. Desarrazoado, temeu espiritualmente o enigma daquele lugar. Pegou as peças e percebeu sua semelhança; logo, distinguiu: juntar as peças cindidas era o desafio daquele enigma.
Em cada templo que entrou, ao longo de sua trilha, o monge enfrentou o desafio que lhe fora proposto. Até então era como compreendia a vida, e a vida se lhe punha desta maneira. Nunca houvera enigma, por ele, irresoluto.
Tranqüilo, o monge sentou-se meditabundo, examinando o pequeno artefato em mãos. Testou a passagem pelos elos sem resultados positivos. Girava para o estudar como um todo. O enigma exigia meticulosidade e concentração.
Muito tempo se passou, e o monge virou o senhor daquele templo, uma vez que nunca venceu seu desafio. Pensou, no início, tratar-se de uma piada dos deuses; um enigma eterno. Depois de doze invernos aprendeu a reparar o mundo de outra forma. Aprendeu a respeitar sua própria capacidade, mesmo que nunca tenha parado de combater aquele desafio. Cada tentativa lhe semeava novos entendimentos sobre as coisas. Entretanto, nunca deixou de se questionar: e se aquele objeto fosse verdadeiramente um enigma impossível?
Quando completou oitenta e quatro anos de idade, um jovem monge apareceu em seu templo. Recebeu o enigma nas mãos e o resolveu em alguns minutos.
O velho quase não tinha mais ânimo para a perplexidade. Congratulou o jovem gênio desejando-lhe boa ventura em sua odisséia. Depois, adentrou seus aposentos com a cabeça e o orgulho em frangalhos, e seus olhos buscaram o instrumento de uma recente disposição; voltou ao salão do templo e encontrou o jovem, que findava uma prece. Sacou sem delongas uma fina adaga e a meteu no ventre do rapaz. Seus olhos injetados encaravam com fúria vingativa o terrível aspecto de sua vítima. Forçou a lâmina em direção ao peito e sentiu as vísceras do outro cederem. Por fim, empurrou o corpo para longe de si, esperando sua queda. Entretanto, houve resistência: subestimou a juventude e a virilidade do jovem monge, que investiu contra seu corpo caduco e, com os dedos a perfurar a pele de seu pescoço, o matou rapidamente por estrangulamento. O jovem cedeu logo em seguida, e seu sangue maculou o templo e seu artefato.
Uma década se passou até que um novo andarilho contemplou aquele salão. Ali, viu dois esqueletos jazendo junto às três peças de um artefato distinto. Desarrazoado, temeu espiritualmente o enigma daquele lugar. Pegou as peças e percebeu sua semelhança; logo, distinguiu: juntar as peças cindidas era o desafio daquele enigma.
9 comentários:
Geralmente é o discípulo que mata seu mestre, mas o mestre (no caso o velho) é que mata...
sem falar no final total eterno retorno.. adorei!
;-)
Aaaaahhhh!
Very good, meu gato.
Que coisa heim.
Fantástico.
Como quando muda a cena e o jogo o jogo e o fim é realmente outro.
Essa foi muito boa.
Aliás: o começo é curiosíssimo: tenta pensar mais coisas para essas peças, as explique, às desenhe, muito bom. O nascimento de lendas e enigmas universais serve bem pra acompamentos e jantar de família: dá o que falar.
òtimo!
IRRETOCÁVEL!
Belo, bem construído... Só não gostei do "desfecho", justamente por ter essa cara, de desfecho, de grand finale, sabe?
Bjo.
quem espera sempre alcança a vingança que se come fria?
eeii respondendo o seu post no meu..hahaha..
EU TO COM ALGUM BLOQUEIOO nao eh possivel!! nao sei sobre oq escrever mais!!
eu nao li seu texto pq eu to no trabalho e nao da tempo, mas depois eu leio!!
aliás, vo mudar pra uma agencia pra ser blogueira, olha que máximo!!
beijooos
Elos, corente feita de engima!! Poxa, victor, assim você assola o leitor com o estranho, com o suspense diante do não saber mas sentir. sem palavras. significante enigmático puro
Hahahaha, Camila, achei engraçada o impulso de fechar com uma resolução moral, como entendimento. De fato, a narrativa se assemelha à fábula.
Bea, bacana. O enigma protagoniza a narrativa como desafio ao entendimento humano. Legal que gostou.
Certo.
acho banaca a variedade do seu repertorio. vc escreve distintamente sobre coisas distintas! :)
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