terça-feira, 11 de março de 2008

Uma Brecha

Atento para as palavras de um clássico nascente
enquanto os prédios velejam de meu assento estático

súbito me surge em séquito
sequelas duma poesia-brecha

salto e me deparo com
o simpático semáforo a me saudar
e num impulso, o subjugo

quem foi o profeta
que cinzelou essa tal
São Paulo cinza?

O bafo do asfalto
no começo de um sol velho
cria um dia contado

a brecha no livro do exército léxico
atento aos acentos que velejam
nesse meu poema-dia, vislumbra;

não: São Paulo é toda cor
em troca de
seu céu e seu
passado

no tempo, o progresso
se diagrama em paicas

2 comentários:

Lírica disse...

Que lindo poema! Que lindo ver a cidade com olhos tão líricos e perdoar até o progresso... como o exército léxico dos livros perdoam o branco das páginas, as regras gramaticais, os acentos...

Priscila Milanez disse...

Transmite a imagem da São Paulo que conheci quando era ainda apenas uma menina: tudo me pareceu tão grandiosamente concreto e cinza...

Gostei muito deste!
E do comentário da lírica tb.